sexta-feira, 26 de abril de 2013
arcadismo
Longos caminhos percorridos
entre olhares, beijos e perdas
entre pássaros
e jardins novos...
Um garoto chama por seu pai
uma menina chora na janela
atrás da cortina
e espera...
dez anos se passaram
longos anos
o garoto se torna homem
e, na janela, uma menina-mulher
uma cortina
e o sol da tarde
espera...
Voa um pássaro
pousa no galho seco
no jardim
A casa no alto da montanha está silenciosa
um trem passa barulhento
pessoas à janela do trem
e a mulher à janela da casa
espera.
Vinte anos se passaram
vinte anos...
o homem não mais chama por seu pai
tem os olhos fundos
e observa o trem que se afasta
e também se afasta.
A mulher à janela é uma sombra imóvel
e não mais chora
as lágrimas secaram
como as árvores.
trinta anos se passaram
trinta anos
quantos trens passaram por ali?
quantos pássaros?
quantas tardes à espera?
Um cadáver à janela
sobre o assoalho empoeirado da casa
a cortina balança suavemente
na suave brisa da tarde.
Um sino soa à distância
tangido talvês pelo vento forte das planícies
talvés anunciando novas tardes
Um trem passa
seu apito monótono corta o silêncio dos dias...
Quarenta anos se passaram
não há mais trem
e nem pessoas à janela
e nem pássaros
e nem homem
e a casa é so escombros
e nem nada...
Oz
94
sexta-feira, 19 de abril de 2013
E...
Mudou em mim o meu pensar em ti
prisioneiro de um desejo intenso e insano
habitante flutuante do devir...
Oz
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