sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Tiradentes - MG


Um velho trem que sai de Ouro Preto rumo a Tiradentes, em Minas. Paga-se em média 30 reais e volta-se a um passado distante. Nostalgia. Como se diz, saudades de um tempo no qual não vivemos...

sapatos

Quem de nós, meu velho par de shoes, terá uma dívida para com o outro ?! Em quantos caminhos podíamos ter trilhado, em quantas veredas, em quantas ? Em quantas ? De quem será a culpa ? Não sabes, não sei... minhas raízes-cárceres, meu medo, minha letargia, hoje estou no porto dos desesperados.
Sei que um dia, ao voltar o rosto, talvez tenha o consolo do camponês que vê brotar o trigo após tanto tempo plantado no solo enquanto vê à distância as velas do último barco que se afasta do pôrto rumo a algures prenhe de seus marinheiros bêbados e dos seus sonhos de glória...



ecologia

A àrvore da vida.

libros

Eu e a minha mania de admirar os meus empoeirados livros nas minhas empoeiradas estantes neste empoeirado setor desta empoeirada cidade de Aparecida de Goiânia. Goiás. Brasil. Talvez esta mania seja uma tentativa de perpetuar a minha ilusão de saber. Uma maneira de me achar maior que a palpável mediocridade do meu cotidiano insosso. Busco insanamente a companhia de F. pessoa, de Mencken, de Machado, de H.Miller, de John Fante, enfim, de tantos a quem visito e consulto em momentos de desespero e dor e de outros tantos sentimentos que invadem este impublicável coração de bezerro.

confissão etílico-amorosa


Na minha corrente sanguinea
de elos etílicos
e glóbulos vermelhos
de fúria
o cadeado é um coração
enferrujado
com plaquetas rubras onde se lê:
NÃO ABRA !

De um filme...



De recifes e pecados


Quero sorver aos poucos o teu olhar demasiado fonte. Aos grandes goles eu me afogaria.
Tentei me proteger sob o vasto manto da indiferença mas esta me desnudou e ora permaneço despido no meio desta tarde que arde em contornos purpúreos a delirar e, delirante, lanço mão do verbo; verbo, asa que me pesa e talvez me liberte e talvez me mate numa queda fugaz e fatal.
Quero sorver aos poucos o teu corpo; oceano repleto de recifes, sargaços e pecados onde vagam eu e a minha nau, sob um céu um tanto gris e uma tripulação bastante familiar: o medo , o desejo e a solidão.
Sorver aos poucos teus outonos, invernos, tuas estações: levemente, como um pequeno demônio levando pelas mãos as filhas diletas de Zeus pelas veredas ocultas no Olimpo.
Aos poucos, sorver as tuas diáfanas retinas, vitrais que refletem em almas transeuntes os herdeiros de uma estirpe estranha e secular.
Sorver mansamente a tua lembrança presente no meu espírito insone e cansado.
Minha sede saciada após dez milênios medidos na clepsidra dos teus mais íntimos segredos e medos e tudo o mais que herdastes da eternidade.
19.07.06