terça-feira, 30 de outubro de 2018

revisitando um amigo




Como vai meu amigo ?


Tu que habitas a city dos saqueadores 

onde se asilou um ditador da Capadócia
e junto com o descobridor tardio
do erário fazem troca.

como estás meu amigo?


e me responde: e tu amigo, achou a direção ?


a direção? forjada na matéria

do sonho, da dor e da miséria...

a tua bússola aponta para o norte?

a tua bússola é de estanho?
é de chicote?

pois assim vai meu caminhar, oh meu amigo

não estou só, a minha sombra está comigo...

Ha uma bússola emperrada na memória

e passos ébrios, meio às cegas, na tormenta
um asterisco no rascunho da história.

o que nos trouxe o nosso tempo além do agora

o imperativo é prosseguir na busca
de algo que estando aqui, pode estar também lá fora.

lá fora onde?


nas cinzas ofuscantes da infância

nas luzes cativantes do futuro
nas visoes inebriantes
na distancia.



espero que não fique entediado com este teu amigo...



um amigo perturbado, insano, cego

um trapaceiro condenado ao carteado.
talvez filho do acaso, ou do pecado
meu verbo, meu carrasco, não o renego.


Oz
30.10.2018


sábado, 6 de outubro de 2018

bussola




Um caminhar as cegas, na tormenta
uma bussola emperrada na memoria
passos incertos e setas ilusorias

A direcao forjada na materia
do sonho, da dor e da miseria.

Uma bussola de segredos e de estanho
e nem sempre apontando para o norte
num universo que já nao tem tamanho.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

a propósito da Katia




Tentarei aqui numa análise isenta

ver a situação. trágica e violenta,
que me reste o silêncio se eu não for capaz
de ver no verbo algo de irônico e mordaz.

De 7 votos que podiam decidir

o destino de um clã, de hoje
até o porvir
quis o acaso que 3 se fizessem inúteis
restando porém 4
são águias sobre abutres...

Seria simples assim não fosse a natureza

tão bela quanto um cão
embaixo de uma mesa.

Dos 4 tirem 2, que estão direcionados

uma seta no futuro
a outra no passado
e tal junção seria de uma beleza atroz
se tal concepção jorrasse sobre nós...

Que jorro?  Que germe ?  indagam-me os amigos

o jorro da razão
o germe do trigo...
mesmo o teto do abrigo
sobre o nosso inimigo.

(...)


Que fechem os portões

que toquem as trombetas
que soltem os rojões

e mirem a ampulheta!!!


Da inutilidade da fé então inalterada

da santíssima trindade restou 
terra arrasada..

(...)


Oz, antes um pastor, ora um cínico idiota

se lança em desafios com o verbo
só lorotas...)



sábado, 15 de setembro de 2018

do menino




Era menino
e onde eu  morava havia um rio
na verdade, era um riacho
mas era o bastante
nem precisava do mar
nem sabia o que era o mar.

era menino
onde eu morava havia uma rua
e as pessoas se sentavam a noitinha na porta da rua
nuns banquinhos de madeira.

era menino
onde eu morava havia um morro
na verdade era um morrinho à-toa
mas era o bastante
porque o sol nascia naquele morro
e o vento que passava por lá quase sempre levava os nossos papagaios
para o alto, bem para o alto...
só muito tempo depois fiquei sabendo do tal Everest.

era menino
e onde eu morava havia meninos
que brincavam com outros meninos
que brincavam com outros
e brigavam também
por coisas tão importantes como bolas de gude e papagaios e pernas de pau
e coisas assim...

era menino
me lembro
e à noite, antes de ir para a cama
os pais desses meninos tinham o estranho hàbito de dizer:
'" Deus te abençoe, meu filho" 

Eu era menino
e naquela cidade pequena onde morava
os meninos pequenos tambem tinham sonhos
e estes , tão leves e naturais, não os impediam de ter asas nos pes.

Eu era menino
isso foi num tempo em que um menino acreditava em outro menino

mas isso foi ha tanto tempo..

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Poor Charlie...



Pobre Charlie

Charlie quis conquistar o amor perfeito
Não o amor adoçado com açúcar
Mas com mel.

Charlie quis perseguir o amor de um jeito
Que se tornou facil, muito fácil
Conquistar o amor
Cruel.

Não se banha no amor impunemente
A quarentena no deserto é amiúde
E o tempo ali se esvai tão lentamente...

A fonte de toda dor é o desejo!?
Mas como não desejar a plenitude
Ser tão só sendo todos, plenamente!!?

Oz
13.08.2018

domingo, 21 de janeiro de 2018

De um lugar-comum (e outros chavões...)




Num dia estamos aqui
num outro somos lembrança
num dia há tanto medo
num outro tanta esperança

Em busca dos próprios passos
a sombra nos acompanha
num corpo com pouco espaço

( ...e tudo é tão inútil )

A recusa em partir
O desejo de chegar
Por quê ficar ?! por quê ir ?!

Tanta ausência mortifica
Tanta palavra emudece
Tanto medo paralisa

A morte, a não-presença
tão presente nessa dança
a que chamamos de vida

Num dia estamos aqui
num outro temos que ir...

Em algum canto, na noite
diz a doce voz do vento,
os sinos dobram por ti

Teu viver é o teu açoite
Te abrigas em pensamentos
por não ter como fugir

( e tudo é tão estranho...)

Palavras, o vento leve
na face, sinais de febre
sinais de vida, distante

na mente, brota o deserto
e estrangula no berço
minha sede de navegante.

( e tudo é tão previsível...)



Oz
21 de Janeiro de 2018.


































































































































































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