sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Sem planos





O que assombra é a luz difusa no abismo
Verdade é: não me pautei pela razão
condicionado às tentações do misticismo.

O som que brota das trombetas na outra ala
me desespera, me espanta, me acalenta
sou convocado mas pertenço a outra escala.

O riso louco do vizinho me consola
A silhueta na janela me fascina
Sou alfabeto mas pertenço à outra escola.

Sou vegetal, sou mineral, sou oceano...
E o que me aguarda logo após aquela esquina ?
Reconfortante é não restar um outro plano...



Oz
29.01.2016

Agora é silêncio...




          Já não vale a pena dizer qualquer coisa

          e a sombra silenciosa vagueia ao meio-dia
          entre tantas outras sombras, fugidias
          meros traços mudos numa lousa.

          Já não faz sentido reviver o verbo,
          o que era eterno se tornou  fugaz,
          o grande criador agora é incapaz
          de criar; e a tua herança é um silêncio enfermo.

          Já não vale a pena reparar os danos,

          o berço da mudez gera os frutos da dor,
          já nem vale a pena dizer " eu te amo ".

          E nem adianta alterar os planos,

          o verbo jaz vazio, intátil, sem calor,
          adubo no jardim dos desenganos.



           Oz
           29.01.2016