segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Entre as colunas do corpo-templo





Enquanto o tempo jorrava, inexorável, ele permanecia andando às cegas, absôrto no seu templo outrora sagrado onde as luzes se apagavam uma a uma.
A cidade há muito fechara as suas portas ao mensageiro que veio de longe, de um tempo onde havia pastores e no deserto havia silêncio, luz e paz.

Élis, seus chamados se perdem no vácuo.
Nas tabernas iluminadas o riso sarcástico de apresentadores sádicos.
Nos palcos iluminados o miasmático aroma de ilusões efêmeras.

Oh, tempo de tenros frutos cadavéricos.
Oh, tempo de sombras abissais.

Ele não reflete mas o seu templo outrora sagrado agora é um mero cabide de penduricalhos e fonte doentia de experiências funestas.

Megalômanos anões hodiernos numa busca infrutífera.

Quando veio a tempestade ácida e os cabelos das mulheres deslizavam pelos bueiros da cidade ensandecida era possível sentir a corrosão em cada abraço e ouvir à distância o ladrar de cães perdidos.

O templo outrora sagrado era agora um antro onde vicejavam a angústia, o ódio e a impotencia...


Oz
27. 02. 2012

" Todas as coisas são lícitas mas nem todas convêm; todas são lícitas mas nem todas edificam. "
Co. 10;23

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