sexta-feira, 29 de março de 2019

de ontem, hoje e outros momentos..


Hoje vai ser tudo diferente
hoje vou contar toda a verdade
mesmo que a faca roçe as minhas costas
não furtarei ao abraço oferecido
à luz do sol ou num beco em horas mortas...
Hoje vai ser tudo diferente
hoje serei o Barrabráz de toda a gente.
Que eu margeie a tumba sem temer
que eu beije leve a mão que me assassina
e enxugue as lágrimas do irmão que me condena
não negarei o que tiver pra oferecer.
Não vou agora caminhar este caminho
não vou agora vestir essa fantasia
não vou agora esperar a minha hora
não vou agora atravessar por esta via
 pois desde há muito esperei inutilmente
o espocar de uma vida tão vazia.


(...) 


Ontem, olhando um quadro na parede


vi três caras entre si conectados
pelo acaso de dias de outros tempos
pela graça de outras horas no passado
e também a geometria de outros elementos...
Como escudo, a incerteza da memoria
de um reino tão leal, e tão distante...
e tanto tempo se passou... e foi agora
deste  reino tão feroz, somos infantes !!!!
Dom Quixote, Sancho Pança ou Eloim
cavaleiros pelejando contra o vento
num outro reino, sem brasões
sem nada, enfim...


(,,,) 



Amigos de outras eras



tempos de bonança
tempos abissais


o templo flui
Quando os teus passos ressoarem na noite silenciosa
agora silenciosos, antes lépidos
quando a tua mente vagar
nas fendas enferrujadas das paredes do teu paläcio 
quando os cães te receberem alegremente
como só   os cães sabem fazer, talvez seja a hora de olhar 
se o fosso está a sua frente ou ficou pra traz...
x

sábado, 16 de março de 2019

É tanto traste...

Pra carregar tanto traste
preciso de mais um saco
meu saco ficou pequeno.

Engenho de pás vazias
mente má, destilaria
ideal pros meus venenos

(...)

Pra  carregar tanto medo
preciso de um arcabouço
de coragem
e de segredos...
preciso acordar mais cedo
rezar 3 ave-marias...
preciso de tanto traste Para não ser engolido
pelos donos da valentia
porque eu sou covardia.

Pra carregar tanto amor
preciso de um coração
feito de ferro
e algodão
costurado bem no fundo
de modo a não ferir
as fímbrias de um amor eterno
as fímbrias de um amor pagão.

Pra carregar o meu corpo
preciso de um outro corpo
feito de paz e silêncio;
Este meu, enlouquecido
esquecido nesta esquina
preso naquela vitrine
onde um manequim o olha
nada lhe diz ou namora
apenas estampa o preço
o preço pra se viver
o preço de ter vivido.

por dentro serei deserto
pra carregar tanta sede?!
Por dentro serei o Saara?!
não sei, e pouco me importa
só quero beber agora...
e a Beatriz demora...

Se ninguém em mim repara
se ninguém bate à minha porta
serei peixe, anzol  e rede
sendo o Como ou Kalahari
vou querer estar por perto...
por dentro serei o Como ?
por fora serei deserto ??


(primeira versão)

oz
16.03.2019