Hoje retornei ao sótão das sombras sem memórias. Seres dançantes em cores e fuligem. As sentinelas postadas no pórtico receberam -me em silêncio.
Um velho candieiro de cobre, com sua chama azulada, fazia tremeluzir os corpos da ninfas e de outros seres singulares. Adentrei o salão azul repleto de imagens seculares e à medida que me aproximava das mesmas estas se metamorfoseavam em pássaros metálicos e o ruído das suas asas na penumbra vibravam-me os tímpanos de modo insuportável. Afastei-me logo dalí.
Penetrei um segundo salão e neste uma bailarina flutuava sob uma densa névoa púrpura e ouvia-se ali o ressonar de um animal que dorme. Junto a uma fonte os meus fantasmas taciturnos passavam os seus dias numa partida de xadrez que não havia...
Na terceira escadaria em espiral vi-me num terceiro salão infinitamente branco e por ali um hipopótamo voava rumo ao horizonte púrpura, no seu dorso uma figura quasemente humana trazia nas mãos uma extensa lista de nomes e estes eram chamados e surgiam , de quando em vez, cabeças disformes e olhos mudamente mudos o que fazia estremecer o hipopótamo no seu vôo circundante e surgir lágrimas nos olhos do homem.
Quedei-me por um momento alí, anestesiado...
(...)
Afaquei em lágrimas arcanos e outros cantos, e meus olhos divisaram, ao longe, o semblante impávido de Deus...
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