Ontem eu conheci uma pessoa...
Alguém que, com maestria rara e mão firme faz dos invisíveis fios cotidianos no quadro da memória / esquecimento a bem urdida tecitura do mundo.
Nos textos que li senti a presença de alguém com um olhar vivaz, afetuoso e cáustico ( ao mesmo tempo ), alguém de mente insone e espírito inquieto e lúcido.
Tânger já não há...
O retorno se mostra impossível e estamos perdidos numa nau de horror e caos.
Se antes a luz lunar e um pouco de conhaque nos deixavam comovidos como o diabo agora nos envolvemos no manto áspero da desilusão e da indiferença.
Sentir é saborear.
Talvez tenhamos, cada um de nós, um pouco de Sísifo, talvez mais do que possamos imaginar. Quem sabe a cada dia, a cada hora, a cada momento a pedra que pensamos ter depositado no cume da montanha não seja, de fato, o bote no qual procuramos nos equilibrar neste caudaloso Estige cotidiano, Carontes sem óbulos nem remos...
Oz
Junho de 2011
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