sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Do cotidiano







      Ele via, sentado numa velha cadeira de madeira nos fundos da casa, um fogão de tijolos vermelhos com rodinhas a um canto, via a sua direita musgo no muro de tijolos no lugar onde a água caia da calha do telhado do vizinho, via a velha tv que já não funcionava sobre uma mesinha vermelha de metal, via a sua frente um armário azul também de metal entulhado de papéis  e outras bugigangas, as cordas que serviam de varal cheias de roupas recém- lavadas às suas costas e atrás de si. Ele via que essas coisas davam ao seu mundo uma aparente normalidade mas sentia dentro de si algo um tanto indefinível, era como se tivesse pregado aos seus calcanhares um punhado de latas velhas ou quem sabe carregasse consigo nos bolsos uma granada cujo pino estivesse prestes a se soltar...

      Houve um tempo em que tudo era paz, ou lembrava paz... Naquele tempo tinha três crianças e elas formavam uma pirâmide, um espécie de tripé e isso era (ao menos pra mim ) um ponto de equilíbrio... esse tempo passou, agora é apenas uma tênue imagem flutuando no espelho da memória... 

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