sábado, 10 de dezembro de 2011

De um sonho Dantesco

Na penumbra de garagens, em gabinetes assépticos, em lugares insuspeitos, CORRUPÇÃO. S.F. conceito abstrato, se metamorfoseava então num gigantesco inseto que atordoava, degenerava e aniquilava a todos. Com seus inúmeros tentáculos alcançava os mais diversos pontos da teia social, e corroía, envenenava, maculava tudo ao redor.

De difícil combate, seus modos sorrateiros o auxiliavam a passar despercebido, às vezes sob a aparência de um inocente gafanhoto azul.

Gigantesco inseto onívoro. Sutilmente adentrava o cotidiano de todos e sua presença nefasta feria de morte os sonhos infantes de tantos berçários.

E então, entre nós, o invisível, o onipresente, o imensurável inseto, com seus tons camaleônicos e traços levemente Kafkianos. Sua sombra disforme projetada sobre nossas amendrontadas consciências. Víamos, impotentes, nosso cotidiano se transformando num pântano miasmático e nele viscejando a peste multiforme.

(...) de tempos em tempos, novos grupos para lá se dirigem, muitos já trazendo em si as larvas daquele inseto horripilante...

E, não importa se cavalgando o corcel do cego desejo ou o asno da paciência rumo ao coração embriagante do poder, ( ah, Machado...) os que ali chegam e se instalam, com raras exceções, logo demonstram uma sede insaciável (sede de cowboys num saloon, no que parece ter se transformado a casa das Leis no Planalto Central )e, ébrios de poder e cobiça , se enveredam por negociatas, rapinagens e saques diuturnos ao erário. 

Queríamos acordar sem nos depararmos com tal monstruosidade no espelho do quarto mas...Já não era mais possível saber se estávamos despertos ou se o que vivíamos era um sonho dantesco.


P.S. E, para o nosso completo desespero, as instituições da República se tornaram a meta comum a todos os Lucius Antonius Rufus Appius que por aqui pululam...


Oz

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