sábado, 4 de maio de 2013

Dell mio sinistro




Devia estar sempre à espreita ou quase
devia sempre ser um passageiro
mas creio ter sido um dia um timoneiro
no meio desta estranha tempestade.

mas o meu beco é sempre sem saída

meu olho esquerdo está sempre de férias
mas vê que em meio ao luxo há misérias
e em meio a tantas mortes ainda há vida

avesso ao tempo labutando a lida

mirando a vida destoante de tudo
as pernas curtas a estrada comprida
canto soluço e permaneço mudo

o meu boteco está sempre fechado

e o meu peito já não tem guarida

o meu cabelo está sempre espetado

e o meu beco é sempre sem saída

as minhas mãos estão sempre à espera

braços um tanto abertos, espantalho 
os meus pés sempre buscando um atalho
meu peito inflado de tantas quimeras

E se amanhã eu estiver dormindo

olho esquerdo e direito fechados
e aparente eu estiver parado
é puro blefe, estarei partindo.


Oz
Agosto de 2006

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