quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Canção para Clarice
Há uma mulher chamada Clarice. Ela irradia o enigma de velhas catedrais. Ela traz consigo vestígios da terra onde pousou o relâmpago. Ela atravessou florestas cerúleas e pântanos miasmáticos.
Clarice adormece sob um celeiro abandonado e, em seus sonhos, cavalga num campo de trigo, percorre pradarias explêndidas e desabitadas. Ao amanhecer Clarice estremece suavemente sob os fios de luz que penetram pelas frestas.
De quando em quando pastores atravessam a planície e ouve-se à distância o balido das ovelhas.
Na primavera Clarice deposita flores amarelas na tumba dos esquecidos e mercenários rondam os arredores da aldeia abandonada.
Clarice, no seu silêncio, é uma enseada oculta na memória.
Observo-a à distância e o meu coração pulsa descompassado.
Quero tomá-la nos braços, capturá-la, mas permaneço quieto, paralisado ante a sua quietude magistral e hipnotizante.
Herdeira de lendas imemoriais, Clarice traz consigo as dores e os sonhos de sete gerações.
Suas mãos diáfanas direcionam o vento, fazem frutificar as árvores e suavizam a tempestade mas Clarice quer dormir um sono eterno.
Oz
Abril de 2010
( Texto escrito para uma moça de um riso tímido..)
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