terça-feira, 22 de novembro de 2011

Lembrares...

Alguém disse que somos o amálgama de todas as pessoas com quem nos deparamos e convivemos ao longo da vida. Lembro-me disso e sinto-me às vezes meio confuso ante o ser que vejo em mim. Acho que, apesar de tudo, falhei em tantos pontos que penso que, de modo deliberado, sempre optei por trilhar veredas desaconselháveis...
Não soube absorver aquilo que tanto admirava e admiro em tantos com quem tive a sorte de caminhar até agora.. no máximo, apropriei-me daquilo que definitivamente não me era dado pertencer.

(...)

Lembro de Alan, um jovem baiano de mente inquieta e ágil, um destruidor de ídolos ( por mais que tal imagem possa parecer gasta), o cara parece carregar consigo o fêmur do animal com o qual alguém antes dele combateu enlouquecidamente em outros tempos. Porém agora o combate travado pelo jovem professor nietzschiano é por uma causa bem diversa.

Lembro do Valério M. Cayres (Téti), dileto amigo de fins de adolescência, um molecão que com a sua simpatia e espontaneidade logo conquistava a todos, indistintamente, alguém que todos queriam ter na equipe, fosse qual fosse a disputa. O tempo , o tempo afastou este e tantos outros de mim e de tantos outros e a quem a mão inexorável do destino fez sofrer uma grande perda.

Lembro do Durelli e no pragmatismo silencioso dos seus atos, na sua figura apolínea, na sua humanidade calculada, sei-o amigo e farol para muitas das minhas ações cotidianas. Mantendo-se distante como tem feito talvez evite que diminua a chama de uma amizade que agradeço aos céus...

Há alguns anos alquém disse que eu era por demais melodramático, na época achei aquilo uma afronta e reagi abruptamente. Hoje penso que o colega talvez tivesse razão. Tenho mesmo uma espécie de queda, uma predisposição ao melodrama, seja isto que diabo for..
Assistindo a filmes de cowboy, pateticamente sigo cavalo e cavaleiro rumo ao destino frio e inescapável, torccendo as mãos e as rédeas do cavalo mesmo sabendo ser o gesto inútil.
( Em tempo: também penso que o filme de cowboy é um épico! )

Lado ausente

Sinto falta do meu corpo coberto de ramagens
de minha alma nua de fantasias vazias
de folhas envolventes num abraço cálido
falta de silêncio que o espírito inebria.

Então no mais fundo do coração escondo a infância
para que não fuja das horas presentes
e a imagem que ficou presa na retina
é a seta de saída no labirinto da mente.

Hoje as horas passam em doce melancollia
sonhando com a dança selvagem de "aquárius'
a solitária semente é o fruto da utopia.

E, na eternidade martirizante de um dia
rolam paixões, blues, ventres sem ovários
esculturas profanas entre paredes frias.



( Texto em versos acima escrito em 1981 )


Oz
22.11.2011

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